A psoríase é uma doença
crônica, recorrente (que melhora e volta), influenciada
geneticamente e, na maioria das vezes, de fácil diagnóstico.
A morfologia das lesões da pele é
bastante variável; o aspecto clínico típico
é o de placas avermelhadas com escamas branco-prateadas.
Sua gravidade é também muito variável, desde
formas leves até casos muitos extensos, que levam à
incapacidade física e emocional. As unhas e as articulações
também podem ser acometidas.
A psoríase é uma das doenças
de pele mais freqüentes, atingindo cerca de 2% da população
mundial. Acomete igualmente homens e mulheres, sendo mais freqüente
na raça branca.
Existem várias formas clínicas
de psoríase:
vulgar ou em placas: forma mais comum;
caracteriza-se por placas avermelhadas com escamas, de distribuição
bilateral e simétrica, com predileção
por cotovelos, joelhos e couro cabeludo, geralmente poupando
a face;
gutata: lesões pequenas, em gotas,
pouco descamativas, localizadas no tronco e partes proximais
de braços e pernas. Mais freqüente em crianças
e adultos jovens, geralmente precedido de infecção
viral ou bacteriana de garganta;
eritrodérmica: forma grave, com
“vermelhão” generalizado (atingindo todo
o corpo) e descamação fina;
pustulosa: lesões que parecem bolinhas
de pus sobre manchas avermelhadas.
As lesões podem surgir logo após
o nascimento ou tardiamente no idoso, mas o mais comum é
o início ocorrer entre a segunda e a quarta décadas
de vida. Um início precoce, antes dos 15 anos de idade,
é indicador de maior gravidade da doença.
Existem vários fatores envolvidos no surgimento da psoríase:
- Fatores genéticos: sabe-se que em 30 % dos casos
existem antecedentes familiares de psoríase. Fatores
ambientais como traumatismo, infecções, estresse
e clima permitiriam o surgimento das lesões em indivíduos
geneticamente predispostos;
- Fatores emocionais: choques emocionais são encontrados
em 70% dos relatos como desencadeantes da doença e
das recaídas;
- Alterações bioquímicas: alteração
do metabolismo de algumas substâncias na pele;
- Alterações imunológicas: A lesão
de psoríase é sede de numerosas anomalias imunológicas.
As 2 maiores alterações patológicas nas
lesões de psoríase são a hiperproliferação
da epiderme (aumento acelerado da camada mais superficial
da pele) com diferenciação anormal e inflamação
na epiderme e derme. Existem várias substâncias
envolvidas nesses processos, entre elas, as células
T que liberam substâncias, chamadas de citocinas inflamatórias,
como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-a),
Y interferon, interleucinas, entre outros.
- Outros fatores relacionados com aparecimento ou piora das
lesões: infecções por estreptococos ß
hemolítico e HIV; uso de medicamentos (como antiinflamatórios
não hormonais, beta-bloqueadores, lítio), etilismo,
entre outros.
As lesões de psoríase podem desaparecer espontaneamente
ou como resultado do tratamento, mas há uma grande tendência
para recorrências.
A escolha do tratamento vai depender da localização
e gravidade das lesões, duração do quadro,
tratamentos prévios e idade do paciente.
É muito importante que o paciente saiba que as lesões
não são contagiosas e que nas formas leves e moderadas
não costumam ocorrer complicações sérias.
Não existe cura para a psoríase, embora as lesões
possam ser controladas com os medicamentos disponíveis.
Tratamento tópico Em muitos pacientes os medicamentos tópicos são
suficientes para manter a psoríase sob controle. Os mais
utilizados são:
Corticóides: os de alta potência
são mais efetivos;
Coaltar: se usado isoladamente, tem ação
moderada na psoríase;
Antralina: pode irritar a pele;
Tazaroteno: indicado para uso em lesões
estáveis até 20 % da área corporal;
Vitamina D: pode ser tão eficaz
como o corticóide de alta potência na psoríase
em placas;
Ácido salicílico: Auxilia
na remoção de escamas e promove a eficácia
de outros tratamentos tópicos;
Tacrolimus: é um potente imunossupressor
que vem sendo testado em pacientes com psoríase em
placas;
Ascomicina: vem sendo testada em psoríase
em placas.
Tratamento sistêmico
Indicado nos casos moderados e graves e nos pacientes em que o
tratamento tópico não foi responsivo. Os mais utilizados
são:
- Metotrexate: pode ser indicado na psoríase com mais
de 20% de superfície corpórea total acometida.
Pode causar efeitos colaterais no fígado e no sangue,
além de ser teratogênica (potencial de causar
mal formações no feto se uma mulher grávida
ingerir este medicamento);
- Acitretina: é só parcialmente efetiva e raramente
consegue clarear totalmente as lesões. Também
é teratogênico;
- Ciclosporina A: é uma das mais efetivas, mas podem
ocorrer efeitos colaterais como hipertensão e insuficiência
renal irreversível;
- PUVAterapia: é a utilização de medicamentos
chamados psoralênicos mais fototerapia com ultravioleta
A (“banho de luz”). A longo prazo, pode causar
envelhecimento e maior potencial de desenvolvimento de câncer
da pele e catarata.
- Novas opções no tratamento da psoríase
moderada e grave são os chamados agentes biológicos,
como: Infliximab e Etanercept que agem bloqueando a ação
do TNF-a, um dos grandes responsáveis pelas lesões
de psoríase, e Efalizumab e Alefacept que agem sobre
a célula T. Estudos realizados recentemente demonstraram
que o infliximab (Remicade®) proporciona uma melhora rápida,
efetiva e duradoura nos pacientes com psoríase moderada
a grave.
Orientações da Dra. Carla Skromov de Albuquerque, médica dermatologista formada pela Santa Casa de São Paulo. Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. |