O
dirigente nacional do PS e ministro da Defesa, Augusto Santos Silva,
desferiu, em Viana do Castelo, um violento ataque ao actual presidente
da República, embora nunca tenha citado o seu nome."O
presidente da República é o garante do funcionamento das instituições.
Não torpedeia, não se mete onde não é chamado. Não lhe compete tutelar o
Governo ou definir o rumo das políticas públicas. Para isso há
eleições", disse, no discurso que fez no comício no Teatro Sá de Miranda
em Viana do Castelo, que terminou um dia de campanha de Manuel Alegre
pelo distrito do Porto.
O dirigente nacional do PS conseguiu fazer um discurso recheado
de críticas à actividade e às recentes declarações de Cavaco Silva, sem
nunca citar o seu nome ou os casos a que se referia. "O presidente da
República é o moderador. O seu compromisso maior é o da imparcialidade",
referiu, numa alusão à ameaça velada de Cavaco de que poderá vir a
desencadear uma crise política, dissolvendo a Assembleia da República e
provocando a queda do Governo. Santos Silva também voltou a
atacar Cavaco por ter participado numa iniciativa da Associação de
Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) de combate à
pobreza, que teve lugar no Casino Estoril. "A Democracia não é o regime
onde se pega nos restos dos banquetes de uns e se oferece com grande
espectáculo mediático" a outros, criticou, insistindo que em Democracia
"ninguém pede ou merece misericórdia". Santos Silva também fez
uma alusão ao episódio em que Cavaco, enquanto primeiro-ministro,
"censurou" o livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" de José Saramago
quando se tratava de uma candidatura a um prémio internacional,
episódios com que pretendeu mostrar as diferenças com o candidato
apoiado pelo PS e BE, Manuel Alegre. Santos Silva fez um apelo ao
voto e à mobilização de todos, insistindo que "é preciso convencer as
pessoas a darem-se à maçada de ir à mesa de voto" para conseguir eleger
Manuel Alegre.