Em entrevista, o
ministro Alexandre Padilha (Saúde) defendeu
uma fonte de financiamento estável para a área e disse que tratará o
aborto como um problema de saúde pública. Ele prometeu ainda dar mais
verbas para os municípios que avançarem mais.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Pergunta - O orçamento atual é suficiente para financiar a saúde?
Resposta - Sou daqueles que acreditam que é possível
fazer mais com o que temos. Combinado com isso, não tenho dúvida de que o
país, governadores, prefeitos, Ministério da Saúde, Congresso, vão sim
ter de discutir uma forma de financiamento estável. É fundamental a
aprovação da regulamentação da emenda constitucional nº 29, porque ela
diz claramente quanto União, Estados e municípios têm de investir em
saúde e o que caracteriza investimento na área.
P - Para isso tem de aprovar uma fonte nova de recursos, no modelo da extinta CPMF?
R - Comparando o que o Brasil investe em valor per
capita com outros países, investimos menos do que outros. Defendo que
tenhamos um mecanismo que garanta financiamento estável para a saúde. A
fonte dos recursos é um debate para o Congresso, governadores,
prefeitos.
P - O sr. assumiu uma área que, no governo Lula, foi a mais criticada por falta de avanços. O que aconteceu?
R - Teve uma série de avanços. Um grande exemplo foi o
Samu, que fez com que em oito anos se universalizasse o serviço de
urgência e emergência. Agora, nosso grande desafio é ter mais avanços. O
primeiro é que esse ministério tem de ter uma obsessão única: unir
todas as ações para o acesso ao serviço de saúde. A grande crítica da
população não é sobre o atendimento que recebeu, mas sobre a demora.
Queremos criar um indicador nacional de garantia de acesso que seja uma
linha de base para a pactuação entre União, Estados e municípios.
P - A ideia é premiar quem atingir as metas?
R - Premiar, pactuar ações em cima desse indicador e induzir com os recursos o alcance dessas metas.
P - Estados e municípios que não cumprirem metas vão sofrer alguma sanção?
R - Prefiro trabalhar com indução. Não quero prejudicar a população desses Estados. Quem alcançar as metas tem de ser premiado.
P - Quais são suas principais ações no ministério?
R - Quatro são compromissos que a presidente assumiu ao
longo da campanha: implantar a rede cegonha, que vai acompanhar a
gestante desde a gestação até o parto; 500 UPAs [unidades de
pronto-atendimento]; um programa de enfrentamento, prevenção, tratamento
e reinserção social dos usuários de crack no país e a ampliação dos
medicamentos gratuitos. E eu colocaria, também, a melhoria da gestão na
saúde.
P - Como o sr. vê a questão da legalização do aborto? Defende mudança na legislação?
R - É um problema de saúde pública no país. Meu esforço
principal é que qualquer mulher que chegue no serviço de saúde, com
problemas, seja acolhida, independentemente das crenças religiosas ou
posições morais. Defendo cumprir a lei que já existe.