[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Transeunte na Tunísia observa carro que acabou queimado após onda de protestos na cidade de La Gazella
Foto: AP Moscou evacuou neste domingo 235 turistas russos que se
encontravam na Tunísia, onde o estado de exceção está mantido em
decorrência dos protestos populares que provocaram a fuga do presidente
Zine el Abidine Ben Ali. "Dois terços dos russos evacuados são turistas e
cidadãos que trabalham ou moram na Tunísia", afirmou o cônsul russo
Aleksandr Mamin, citado pela agência oficial russa "Itar-Tass".
O avião que transporta os russos deve chegar a Moscou às 21h30 do
horário local (16h30 de Brasília). Mamin assinalou que ainda permanecem
na Tunísia "entre 100 e 110 turistas", que retornarão ao país em voos
regulares. A evacuação foi feita em um avião da companhia aérea russa
Transaero que normalmente cobre a rota entre Moscou e Túnis. O espaço
aéreo tunisiano e todos os aeroportos do país foram reabertos neste
sábado, após terem sido fechados na sexta-feira pouco depois do decreto
de estado de exceção e instantes antes do anúncio da fuga de Ben Ali.
As agências turísticas russas tomaram a decisão coletiva de não enviar
mais turistas ao país norte-africano em um futuro próximo. Segundo a
porta-voz da União Russa de Turismo, Irina Tiurina, as pessoas que já
haviam comprado um pacote turístico poderão cancelá-lo e terão direito
ao reembolso do custo integral da viagem.
Tiurina ressaltou que a situação na Tunísia continua sendo "difícil",
embora a maioria de hotéis esteja sendo vigiada pelos militares. O
Ministério das Relações Exteriores russo recomendou aos turistas que
evitem viajar para a Tunísia por enquanto e lembrou que a situação
política do país sofreu "uma grande deterioração" recentemente.
Tunísia enfrenta crise social e políticaDesde as duas últimas semanas, a Tunísia vive uma tensão deflagrada nas
ruas. Jovens e estudantes iniciaram protestos contra os altos índices de
desemprego e falta de liberdade política, na maior onda de
manifestações em décadas.
Em meio a pedidos de calma à população, o governo de Ben Ali anunciou o
fechamento de universades e escolas. O exército também saiu às ruas para
frear as manifestações, gerando confrontos com os manifestantes e um
número ainda incerto de mortos, mas que poderiam passar de 50.
Críticos acusam o governo de corrupção e de usar a ameaça de grupos
islâmicos e a necessidade de atrair investimentos estrangeiros como
pretexto para manter políticas domésticas repressivas e violar os
direitos civis básicos da população.
A crise social ganhou um novo episódio quando, nessa sexta-feira, o
presidente Ben Ali abandonou o país, passando o controle do país para o
Exército e o comando interino do governo para o primeiro-ministro,
Mohamed Ghannouchi.