Comer é algo que fazemos instintivamente e normalmente não procuramos
entender as nossas motivações. Sabemos que comemos porque sentimos
fome, mas essa resposta é insuficiente para entendermos os mecanismos
através dos quais o nosso corpo responde à fome.
De maneira básica, nos alimentamos por
que temos necessidades de fornecer energia para o corpo. Em relação ao
cérebro, por exemplo, basta alguns minutos sem o suprimento adequado
para que se perca a consciência. Esse quadro, se prolongado, pode levar o
indivíduo à morte. Desta forma, a razão mais básica pela qual comemos é
a manutenção das reservas energéticas em um nível que assegure o
abastecimento dos órgãos – em última análise, a manutenção da própria
vida.
As reservas energéticas corporais são
repostas durante e imediatamente após o consumo de uma refeição. No
decorrer desse período a energia é armazenada no fígado e músculo (forma
de glicogênio) e no tecido adiposo, gordura (na forma de triglicerois).
As células adiposas apresentam uma capacidade ilimitada de
armazenamento.
No período sem alimentação (jejum),
geralmente entre as refeições, as reservas energéticas são quebradas
para fornecer ao corpo um combustível contínuo para as células. Como
conseqüência as quantidades de glicogênio (presentes nos músculos e
fígado) e o volume de gordura diminuem. Há um balanço adequado desse
sistema quando as reservas são respostas na mesma taxa média em que são
gastas. Se a ingestão e o armazenamento de energia forem maiores que a
utilização, a quantidade de gordura corporal aumenta e, como
conseqüência, há um ganho de peso e, em alguns casos, o desenvolvimento
de um quadro de obesidade. Se a ingestão de energia não atender às
exigências do organismo, há perda de tecido adiposo, o que pode levar o
indivíduo a apresentar um quadro de inanição, marcado pela fraqueza e
apatia.
Para manter o sistema balanceado, deve
haver meios de regular o comportamento alimentar, baseados na reservas
energéticas e sua velocidade de reposição. O organismo já tem um
poderoso mecanismo para a manutenção de uma faixa de peso. Ele meche na
frequência com que se come, quantidade (volume) e tempo de duração
Como o cérebro entende que eu comi?
O hipotálamo, uma região do cérebro, é o
responsável por essa interpretação. Ele percebe os níveis das reservas
energéticas, quantidade, por meio de uma série de sinalizadores
(geralmente hormonais). Em resposta a esses sinalizadores, o hipotálamo
estimula células nervosas de acordo com a necessidade, causando a
sensação de saciedade ou de fome.
Quais são os hormônios sinalizadores?
Os principais sinalizadores dos níveis energéticos são a leptina, Insulina e grelina.
A leptina é produzida pelo tecido
adiposo, armazenador de gordura. Sua função é regular a perda ou ganho
de peso, por meio do acumulo de gorduras. Altas concentrações de leptina
significam que as reservas energéticas estão altas, logo comemos menos.
Quando em baixos níveis, estas reservas estão baixas e a necessidade de
comer maior quantidade.
A insulina é produzida pelas células do
pâncreas. Sua atuação é no transporte de glicose do seu local de
absorção para outras células do corpo, como fígado, músculos e
adipócitos, onde é armazenada A insulina também tem ação de liberação da
glicose de seus locais de armazenamento para o organismo. Quando os
níveis de insulina estão reduzidos, os níveis de glicose estão baixos;
dessa forma, tem-se a sensação de fome. Em altos níveis a insulina causa
saciedade.
A grelina é produzida pelo estômago
quando vazio. Atua causando a sensação de fome e, portanto, estimulando a
ingestão de alimentos. A cirurgia bariátrica (retirada de parte do
estômago) tem como consequência a diminuição da produção de grelina pelo
organismo. Daí o fato de muitos pacientes submetidos a esse
procedimento apresentarem perda de peso.
As vezes eu tenho vontade de comer, mesmo sem fome, por que isso acontece?
é apenas das ordens do organismo que sentimos vontade de comer. Muitas
vezes estamos sem fome, mas ao ver e sentir o cheiro de um alimento nos
sentimos atraídos por ele e sentimos um desejo enorme de devorá-lo. A
alimentação tem um lado hedonista, ou seja, comemos para ter sensação de
prazer.
É notória a relação humor e alimento.
Quando privados dos alimentos que mais gostamos ficamos tristes e
desanimados. Pense no stress que sentimos quando estamos sob uma dieta
cheia de restrições ou, para fazer contraste, na sensação de bem-estar
que sentimos quando comemos alimentos bastante saborosos (uma torta de
chocolate, por exemplo).
Os alimentos agem semelhante a drogas no
nosso cérebro, estimulando vias que liberam dopamina, nos motivando
muitas vezes a comer mais do que o necessário. A dopamina é liberada em
resposta a alimentos saborosos, tornando a sensação de comer prazerosa.
A serotonina é outro hormônio que atua
na sensação de prazer alimentar. Antes de nos alimentarmos os níveis de
serotonina estão baixos, aumentando em antecipação a chegada do alimento
e com seu pico durante a refeição (hora de maior satisfação). O
bem-estar ocorre principalmente quando comemos alimentos gordurosos e
ricos em proteínas, pois a serotonina é criada a partir de um
aminoácido, o triptofano.
Outros fatores como o social e o cultural interferem no modo e o porquê nós alimentamos.
Diante dessas informações, o que devo fazer?
Diante de todas as considerações feitas
sobre o habito alimentar vale a pena consultar profissionais da área de
nutrição, psicologia, educadores físicos e médicos. Pois para manter o
peso corpóreo e a saúde é preciso manter saudáveis seus hábitos
alimentares, sua mente e seu corpo. Se você tiver algum distúrbio
alimentar ou condições de saúde que atrapalhem sua relação com os
alimentos, é interessante procurar os profissionais competentes. E não
se esqueça que manter uma vida boa, alegre, na companhia de seus
familiares e amigos, é tão importante e saudável quanto se alimentar
bem. E ae Nutrimos?