O AtlasCar pode parecer um veículo ligeiro comum, mas a grande diferença
é que pode funcionar sozinho, sem que seja necessário ter um condutor
atrás do volante. Transformado num robot, porque «tem capacidade de
perceção e tomada de decisão», foi desenvolvido por uma equipa da
Universidade de Aveiro e tem no seu interior uma panóplia de
computadores e adaptações tecnológicas que dispensam a condução
tradicional.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Santos,
professor na Universidade de Aveiro, explicou que o objetivo da equipa
que participa na 11.ª edição do Festival Nacional de Robótica em Lisboa
«é desenvolver estudos na área da segurança e apoio ao condutor». «É um
veículo que está dotado de sensores e atuadores para fazer a segurança
passiva, como alertas e avisos, e ativa, no sentido de poder interferir
na condução para impedir que os acidentes aconteçam», continuou.
Quanto
à possibilidade de transpor as ideias desenvolvidas para a indústria
automóvel, Vítor Santos lembra que esta é bastante cautelosa. «As coisas
só vão para o terreno quando estiverem certificadas, firmadas,
garantidas, porque um falhanço numa máquina com autonomia desacredita»,
sublinha.
Estas tecnologias não irão assim entrar todas ao mesmo
tempo no mercado. Algumas já entraram, como os sistemas de deteção de
colisão iminente, por exemplo, e podem travar um veículo.
O
professor realça o atropelamento nas passadeiras como exemplo de uma
área em que estas tecnologias podem ser introduzidas. «Imagine-se que
temos sensores que conseguem perceber que há peões que podem atravessar
uma passadeira ainda antes do veículo lá ter chegado e, portanto, podem
mandar um alerta a avisar que há um peão que pode surgir de trás de um
carro», exemplifica.
«Há toda esta capacidade de deteção avançada
que os seres humanos não têm capacidade de fazer e colocada a bordo dos
veículos vai ser uma mais-valia extraordinária», frisa.
O
docente estima que dentro de dois ou três anos a indústria automóvel
começará a ter instrumentos legais para poder começar a colocar «muitas
destas coisas na estrada».