O governador Sérgio Cabral e o ministro da Defesa Nelson Jobim anunciaram, na tarde deste sábado (4), a criação de uma força de paz que vai atuar nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.Na prática, os militares deixam de dar apenas apoio, com e cerco e patrulhamento no entorno das favelas e passam a ocupar o interior das comunidades, fazendo revistas em carros e pessoas, prisões em flagrante e o patrulhamento normal.A força de paz vai contar com apoio dos três batalhões de campanha da Polícia Militar e com ações da Polícia Civil, que serão responsáveis pelas buscas e apreensões de armas, drogas e traficantes, como já acontece. A diferença do que acontece na região desde a semana passada é que o Exército passa a comandar a ocupação, com as polícias do Estado submetidas ao chefe da força de paz.Para que o acordo seja percebido no Alemão e no Complexo da Penha, o Comando Militar do Leste precisa nomear um oficial para comandar a força de paz e espera um relatório da polícia militar sobre a região, para que possam definir a maneira de agir, os pontos a ocupar e a quantidade de homens a serem empregados.A quantidade de militares e o prazo da ocupação militar não foram definidos. Para o ministro Nelson Jobim, a necessidade da operação é que vai definir esses pontos da operação.- Decidimos não fixar data porque vamos ficar lá pelo tempo que for necessário. Haverá um acompanhamento diário pelas autoridades do Estado sobre as operações e uma análise que será feita um vez por mês. Com base nessa análise é que vamos definir os rumos do trabalho da força de paz.O anúncio foi feito na tarde deste sábado durante reunião que durou quase duas horas, no Palácio Guanabara, entre Nelson Jobim, Sérgio Cabral e autoridades das Forças Armadas e das polícias civil e militar do Rio. Perguntado sobre os recursos da operação, o ministro evitou falar em valores, mas disse garantir que não vai falta dinheiro para a manutenção do Exército na região. Nelson Jobim comparou a situação das favelas cariocas com a força de paz do Haiti:- É uma situação semelhante, mas com algumas diferenças. Lá, somos submetidos à ONU e temos poder de polícia, podemos entrar nas residências e fazer buscas, aqui não. As polícias civil e militar vão fazer esse trabalho.Além do Alemão, todas as favelas do Complexo da Maré também serão ocupadas, como a Vila Cruzeiro, Chatuba, morro da Fé, Sereno e Caixa D’água.